AmorXPaixão

Digo com conhecimento de causa: amor e paixão são coisas muito diferentes. Amar é bom, lindo, maravilhoso. Estar apaixonado é horrível e eu não desejaria para o meu pior inimigo.Compare. Amor é paz. Paixão é conflito. Amor é alegria, paixão é sofrimento. O amor constrói, a paixão destrói. A paixão é cega, o amor é só meio míope. Amor engorda, paixão emagrece. Amor dá sonhos lindos, paixão não deixa a gente dormir. Amor liberta, paixão escraviza.O amor faz a gente querer produzir, conquistar mil coisas, aprender coisas novas para trocar lições de vida com a pessoa que se ama. A paixão é egoísta e burra: só se interessa pelo seu objeto e só para ele vive. O amor incentiva a doação, o perdão. Já a paixão é egocêntrica e vingativa, vai atacar com unhas e dentes o que estiver no seu caminho. Quem ama e sofre não aponta culpados por seu sofrimento, não acusa e não odeia. São os apaixonados que cometem os crimes passionais, perseguem, se humilham, dão escândalo.O amor é bom porque é a constatação de que aquela pessoa tão especial torna sua vida mais alegre, mais interessante e torna também as dificuldades mais fáceis de serem superadas. Ele nos torna mais calmos, mais serenos, mais otimistas. Sabemos que o ser amado não é perfeito nem nunca vai ser e não exigimos dela a perfeição. Amor é aceitação.A paixão é ruim porque nos faz acreditar que a vida sem aquela pessoa não vale a pena ser vivida (e isso nunca é verdade). É uma espécie de loucura, uma idéia fixa que destrói a auto-estima e o equilíbrio do apaixonado. Ela nos impede de enxergar os defeitos e a humanidade da outra pessoa e nos faz acreditar que ela será a solução de nossos problemas e a chave de nossa felicidade. Paixão é idealização.
Por outro lado, a paixão é humana, muito humana. É viva, muito viva. Todas as emoções intensas são vivas. Deixar-se apaixonar cegamente é como saltar de um penhasco sem olhar o que tem embaixo. Mas às vezes é preciso fazer isto. As pessoas estão cada vez mais anestesiadas, e não permitem-se sofrer. Querem vestir personagens estáveis, racionais e idealizados sempre estáveis, que não erram, que não choram. E assim, distanciam-se uns dos outros, tornam-se máquinas e mesmo próximos, sentem-se distantes. A dor e a alegria andam juntas. A paixão subverte o mundo, mas se não fosse essa louca subversão, o mundo seria muito chato.

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